Home As Lavradeiras

As Lavradeiras

A presença de vestigios de povos profo-históriocs, de povos romanos e árabes as lutas da Reconquista, da fundação da Nacionalidade, as influencias intelectuais e sociais dos Frades Lóios;
Ás invasões francesas, as guerras peninsulares, a emigração para o Brasil, a França e a Alemanha e de entre outros acontecimentos históricos e sociais constituem o legado que é, hoje a matriz cultural do Concelho.

As origens da cidade da Feira são remotas e deve-se, provavelmente, à formação de uma povoação perto do Castelo. Junto às suas muralhas realizava-se uma feira, sob a invocação da Virgem Maria, onde se vendiam os produtos das colheitas, as alfaias, as ferramentas, os panos, o sal e outros artigos necessários ao viver quotidiano da população. O castelo, como interposto militar e proporcionando defesa de uma vasta região, dava aos feirantes a segurança devida dos seus bens e dos seus produtos, podendo comercializá-los sem receios, ajudando a transformar esta feira numa importante manifestação religiosa, cultural e social que deu origem ao nome da letra.

O toponimo “feira” aparece pela primeira vez, num diploma de 1117, assinado por D. Teresa  “in terra sancte marie ubi vocant feira”, bem como noutros documentos do inicio de 1120, quando D. Teresa se alojou no castelo de Santa Maria. Em 27 de Junho de 1407, a feira de Santa Maria é revitalizada por D. João I, que a pedido do seu cavaleiro João Álvares Pereira, senhor da Terra de Santa Maria, manda que se faça uma feira franca quinzenal na “dicta villa da feyra”, com todos os privilégios da de Trancoso.

A Vila da Feira, da Terra de Santa Maria, foi transformada em 1472 em cabeça de condado por D. Afonso V, criando a Casa da Feira e dando o titulo de primeiro Conde da Feira, a Rui Pereira. Esta Casa continuou até 1700, altura em que morre o último destes Pereira sem deixar descendência.

O Foral de 1514, concedido por D. Manuel I, vai corroborar a importância que esta terra sempre teve desde os tempos imemoriais da origem do seu povoamento de terra de fronteira, aos tempos de mudança de novas gerações alicerçadas numa comunidade marcada por ideais de vida cujas raízes se perdem no tempo, mas que ainda teimam em transformar a terra que ainda hoje é um dos Municípios mais importantes do Pais.

Estrategicamente localizado a Sul do Rio Douro e situada na confluência de um importante conjunto de vias de comunicação, comodidade que lhe garantem proximidade aos grandes centros urbanos do Porto, Aveiro e Coimbra, o concelho de Santa Maria da Feira destaca-se tanto pela força histórica do seu passado milenar, como pelo vigor com que desafia os tempos modernos.

Ocupando um vasto território com uma área de 215 Km2 e com uma população de cerca de 136.000 habitantes  (censos 2001) repartidos por 31 freguesias, Santa Maria da Feira surpreende o visitante, pois, sobre um manto de tranquilidade, fervilha uma industria dinâmica e diversificada, sediando o maior centro mundial de transformação de cortiça e a maior concentração de indústria do calçado, assumindo ainda destaque as industrias de metalomecânica , metalurgia, papel, cerâmica, lacticínios, brinquedos, puericultura e equipamentos para crianças.

No entanto, Santa Maria da Feira não despreza as suas origens rurais, visto que a agricultura, predominante de subsistência, se mantém como actividade importante, especialmente nas freguesias do interior.

Actualmente, o grande impulso tem sido dado pelo desenvolvimento do sector terciário, a nível do comércio, turismo e serviços. Traduzindo esta dinâmica económica, nasceu em Santa Maria da Feira um dos Maiores Centro Ibéricos de Congressos e de Actividade Culturais – o Europarque ou a “cidade dos Eventos”, implantado numa área total de 150 ha, e envolvido numa belíssima paisagem natural. É um complexo gerador de acontecimentos, não só empresariais, mas também culturais, científicos, tecnológicos e recreativos onde têm lugar grandes concertos, espectáculos, musicais e outras manifestações culturais de nível internacional.

As mudanças urbanas não conseguiram, todavia, alterar a atmosfera tranquila característica dos séculos passados, proporcionando aos munícipes a manutenção das suas tradições e modos de vida, bem como uma rara e invejável qualidade de vida, consubstanciada com a criação recente de um conjunto de infra-estruturas básicas e de lazer, espalhadas de forma equitativa pelo concelho. O Hospital S. Sebastião, a nova biblioteca, o complexo de piscinas municipais, novos eixos estruturantes de comunicação, redes publicas de saneamento e de abastecimento de água, são exemplo disso.

Com uma forte cobertura de rede escolar, o Concelho possui um conjunto equilibrado de equipamentos de educação, desde o ensino pré-primário ao superior (ISVOUGA – Instituto Superior de Entre Douro e Vouga e ISPAB – Instituto Superior Paços de Brandão), demonstrando que a educação é uma aposta inequívoca e de futuro.

Na área do desporto, a construção e revitalização de gimnodesportivos, de pólos desportivos e do complexo das piscinas municipais permitem à comunidade uma actividade desportiva intensa e variada.

Do seu património, considerado o “ex-libris” do concelho, o “Castelo de Santa Maria da Feira” é um dos mais notáveis monumentos militares portugueses. No entanto de realçar também: “Museu Municipal Convento de Lóios” , “Museu do Papel Terras de Santa Maria”, “Museu Santa Maria de Lamas”, “Termas de S. Jorge”, “Parque Ornitológico de Lourosa”, “Castro de Romariz”, “Europarque”, “Visionarium – Centro de Ciência”, entre outros…

A festa das fogaceiras é a mais emblemática festividade do concelho de Santa Maria da Feira, realizada anualmente a 20 de Janeiro, sendo este dia feriado Municipal. Outros Eventos importantes: “Viagem Medieval em Terra de Santa Maria” e “Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua”.

De São João de Ver diz-se que é povoação existente ja no ano de 773, embora o primeiro documento conhecido sobre a povoação de S. João de Vêr remonte ao ano de 977, o qual identifica a mesma como “Villa Valerii” integrada na “CIVITAS SANCTA MARIA” referindo a existencia na povoação, de um mosteiro.

A história de S. João de Vêr, reflectida na sua Toponímia, é uma viagem ao encontro de povos e civilizações, começando pelo nome que deve a cidadão romano “Valerii” ou “Quinta do Valério” e passando pelos seus lugares como Gondufe e Gueifar de origem Germânica ou Celta, Airas de origem Grega, Beire/ Paçô/ Própria de origem Latina, Albarrada e Azenha de origem Árabe e Albergaria/ Casais de Baixo/ Casais de Cima de origem medieval…

A importância de São João de Ver ergueu-se nos tempos pelo facto de a sua jurisdição religiosa ter sido “Celeiro” da diocese do Porto, por actividades decorrentes do aproveitamento do “Barro” e pela função e peso da Quinta da Torre, casa cujo titular teve direito a titulo de “Conde de São João de Vêr.

Um documento datado de 1758 designa esta povoação como pertencendo a Sua Alteza, o Infante D. Pedro, São João de Vêr foi promovida a vila pela Assembleia da Republica em 30 de Junho de 1989, conforme publicação no Diário da Republica nº 99 I Série de 1 de Julho de 1989.
Com 16,31 Km2 da área e 8816 habitantes segundo o censo 2001, o desenvolvimento de São João de Ver assenta hoje nas industrias do calçado, cortiça, ferragens e comercio diverso. Servida pela EN1/IC2, a escassos minutos do nó das Auto-Estradas A1 Lisboa/Porto e A29 Porto/Aveiro e por ramal de caminho de ferro da linha do Vale do Vougo.
São João de Ver dispõe de todos equipamentos sociais necessários a todas as camadas da população.
Do seu património, o destaque vai para a “Quinta da Torre”, “Casa Corte Real”, “Monumento ao Espírito Feirense ” e ” Monumento ao Ciclista”.

Gondufe, vem de Gond que significa Batalha, e ufe de wolf que significa Lobo. Assim, Gondufe quer dizer “luta aos lobos” ou “Luta contra os Lobos”.

Em lutas andou sempre o brioso povo de São João de Ver. Primeiro em lutas contra os Lobos, pois havia muitos na região. Depois, em lutas de outra especie, como por exemplo, contra o analfabetismo. Lembremo-nos que o analfabetismo há cerca de 100 anos rondava os 80 por cento da população. Por isso o grande anseio do povo era este:

Quatro coisas neste mundo
Eu desejava aprender
Cantar bem, tocar viola
Namorar e saber ler.

Hoje estas 4 coisas parecem-nos banais, sem qualquer importancia. Mas em tempos idos, meus senhores era diferente. Eram 4 tremendas barreiras muito dificeis de transpor. Não sabendo ler, o povo fazia a transmissão da cultura de pais para filhos apenas de forma oral através de cantigas, de rezas em verso, de lenga-lengas, tudo coisas simples e faceis de decorar. Com tais armas e bagangens, os populares mais dotados vinham então a terreiro para a luta mais importante e mais apreciada: “Cantares ao desafio”. Os Lugares e as Épocas eram sagrados: as desfolhadas, as vindimas e diversos trabalhos de campo. Depois de bem preparado havia quem se gabasse:


Sei um saco de cantigas
e mais uma taleigada
Meu coração sabe tudo
Minha boca não diz nada


Quero Cantar, ser alegre
A tristeza não faz bem
Ainda não vi a tristeza
Dar de comer a ninguem


Estou rouca, enrouquecida
Mal haja a rouquidão!
Que não me deixa cantar
À minha satisfação

Tudo começou por mera brincadeira em 1964, com o destino de participar em festivais de folclore, entre os Lugares da freguesia de São João de Ver, com o objectivo de angariação de fundos para a construção da nova Igreja Paroquial.

O nome, “As Violetas de Gondufe”, tem a sua razão no facto de cada Lugar que participasse no concurso ter que denominar o seu Rancho com um nome de uma flor.

Depois, com a mudança do Pároco, tudo acabou, pois trazia para a época ideias muito avançados…

Em 1981, algumas pessoas de Gondufe, considerando muito importante que o seu lugar marcasse novamente presença no festival entre Lugares na Paróquia, recomeça a actividade das “Violetas de Gondufe”. Porem, esse grupo de pessoas, bem intencionais, nunca conseguiu levar esse projecto avante, entregando a responsabilidade à pessoa que viria a ser o seu fundador.

Em 3 de Novembro de 1981 (data do primeiro encontro), começaram a ensaiar algumas danças e cantares. À primeira actuação foi em 27 de Dezembro de 1981 (data considerada da fundação).

No inicio de 1984, já com algumas actuações dentro e fora do concelho, foi gravado o primeiro trabalho em cassete comercial.

No dia 10 de maio, “As Violetas de Gondufe”, são inscritas na INATEL.

A partir de fins de 1984, animados com tais experiências e contado com um numero cada vez maior de entusiastas pelo desenvolvimento de tais actividade, e embora com alguns dissabores de representatividade que entretanto surgiram, decidiu-se tornar esta “mera brincadeira” em algo muito sério, abordando pela primeira vez a Federação do Folclore Português. De acordo com instruções desta, foi iniciado um trabalho de pesquisada vida, em São João de Ver, foi gravada a segunda cassete comercial.

Em 13 de Novembro de 1986, devido ao resultado das nossas recolhas, tornou-se incompatível, continuar com o mesmo nome, mudando a denominação para Grupo Folclórico “As Lavradeiras de São João de Ver”.

Em 28 de Novembro de 1987, O Grupo Folclórico “As Lavradeiras de São João de Ver”, juntamente com mais 4 prestigiadas associações do concelho tornam-se sócios fundadores da Federação das Colectividades de Cultura e Recreio de Concelho de Santa Maria da Feira.

Não seria justo deixar passar esta oportunidade sem agradecer, de uma forma muito especial, a alguém que nos marcou e foi sem duvida o principal impulsionador, o Fundador deste Grupo. O nosso muito obrigado ao Sr. Manuel Monteiro dos Santos”.

Manuel Monteiro dos Santos nasceu na Vila da Feira, no dia 14 de Junho de 1942 na quinta do Castelo. Casou e viveu em Goundufe, São João de Ver, onde em 3 de Novembro de 1981 (data do primeiro ensaio) começou o que viria a ser o Grupo Folclórico “As Lavradeiras de São João de Ver”.

Foi intransigente no trabalho de pesquisas e recolhas efectuadas com muito amor e dedicação, que fizeram deste Grupo, um dos mais representativos a nível Nacional, o único fiel representante de são João de Ver e um digno representante das “Terras da Feira”.

Faleceu em 28 de Agosto de 2004 e sempre ficará gravado na nossa memória.

O nosso eterno obrigado com Saudações Folclóricas…

“As Lavradeiras” têm organizado ao longo dos anos várias activiade das quais se destacam:

  • Festivais Nacionais de Folclore:
    • Primeiro em 25 de Julho de 1987, com apoio técnico da Federação do Folclore Português;
  • Festivais Internacionais de Folclore:
    • Primeiro em 24 de Junho de 2000;
  • Encontro de cantares de janeiras:
    • Primeiro em 08 de Janeiro de 2005;
  • Exposições Etnográficas:
    • Primeira de 21 a 26 de Junho de 1992, com cozinha, quarto rico, quarto pobre, sala, alpendre e tear;
  • Serões:
    • Primeiro em 22 de Junho de 1988 com esfarrapada e tecelagem de passadeiras de tiras, fazer meia, fazer tiras e fiar a lã;
  • Diversos Trabalhos
    • Segada de Centeio:
      • Primeira em 13 de Julho de 1987;
    • Segada da aveia:
      • Primeira em 5 de Junho de 1993;
    • Malhada da aveia:
      • Primeira em 19  de Junho de 1993;
    • Construção completa da “caniça, sebe ou sorça”.
      • Primeira em 17 de Dezembro de 1990;
  • Trabalhos do Campo e Eira – “Ciclo do Milho”;
    • Arrancar o estrume dos currais, acarretá-lo, espalhá-lo no campo, lavrar e gredar a terra, semear o milho a lanço, em 30 de Abril de 1988;
    • Sachar, mondar e regar o milho em 18 de Junho de 1988;
    • Colheita do milho: cortar as canas, tirar o milho, fazer as moreias e transportar as espigas no carro de bois para a Eira em 29 de Outubro de 1988;
    • Desfolhada do resto com Festa:
      • primeira em 7 de Dezembro de 1987;
    • Malhada do Milho na Eira:
      • Primeira em 21 de Junho de 1988;
    • Moer o milho, amassar e cozer o pão.

O grupo Folclórico “As Lavradeiras de São João de Ver” tem participando em festivais de folclore, festas, romarias, feiras rurais e exposições de trajes por todo o pais.

Em 10, 11, 12 de Setembro de 1993, “As Lavradeiras de São João de Ver” representam a nossa região etno-folclórica, “Douro Litoral”(sul)/Terras da Feira, no XVII Festival Nacional de Folclore “Algarve 93”, organizado pela Região de Turismo do Algarve com o apoio técnico rigoroso da Federação do Folclore Português, sendo um dos 18 Grupos de todas as regiões do pais, incluindo as regiões autónomas, que actuaram na praia da rocha para milhares de espectadores que ali assistiam ao festival que também foi transmitido pela RTP2.

Na madrugada de 3 para 4 de Julho de 1998, partiu de São João de Ver ruma á capital para participar na animação da “EXPO 98”. Nos dias 4 e 5, um autocarro com todos os elementos do grupo e um camião da Câmara Municipal de Santa Maria da Feira, com um carro de bois e a sua respectiva Caniça, diversas alfaias agrícolas, varas de madeira bruta e canas de milho para recrear uma choupana, candeias, espigas, gigas, pipo de vinho americano, pão e castanhas, para recriar uma desfolhada à moda de São João de Ver. A passagem das “Lavradeiras” na “EXPO 98” ficou marcada também por diversas actuações nos principais recintos da mesma, incluindo o “Palcomóvel”, “palco Promenade”, “Pavilhão de Portugal” e “Praça Sony”.

Em 2000 actuação em Espanha em polop de la Marina e em 2001 digressão a França 100 km a norte de Bordeaux(Soujon).

Em 2002 “As Lavradeiras” associaram-se à Câmara Municipal de Santa Maria da Feira no projeto de geminação de cidades e Municipios “Amizade e Cooperação”, com as Cidades de Targovishte (Bulgária) e joué-ès-Tours (França). Mais tarde, em 2003, este projecto foi premiado pela comissão Europeia com o prémio “Estrela de Ouro 2002”.

No dia 3 de Abril de 2003, de novo na Capital, a convite da “Comunicasom”, “As Lavradeiras de São João de Ver” abriram o programa televisivo “SIC 10 Horas” com uma actuação em directo.

Em 2009, a convite da Federação de Folclore Português, participou na animação da Gala do Óscar Mundial do Folclore “Portugal Abraça o Mundo” com a música “Fado”.

O trajes das “lavradeiras de São João de Ver” são, mais uma vez, fruto da pesquisa e recolha efectuada, e remontam à segunda metade do SEC. XIX e princípios do SEC. XX.

Os trajes por nós representados são:

  • Noivos ricos
  • lavradores Ricos
  • Lavradeiras Ricas
  • Lavradeiras Remediadas
  • Lavradores do Campo
  • De ver a Deus
  • De ir à Feira
  • Ceifeiros
  • De Cerandeiro
  • De Romaria
  • De Domingar ou Festa

Os mais antigos instrumentos existentes são apitos de uma só nota, feitos de ossos de rena (10.000 a. C.), e flautas de osso de também muito antigas, com três ou mais orifícios (as Gaitas ou flautas de cana são de mais fácil manufactura, mas de menor duração). A Gaita foi uma tentativa bem sucedida na imitação da natureza, o vento assobiando num tronco oco de uma árvore ou nos canaviais, o chamamento de um mocho.

A Gaita, instrumento que por mais elementar que seja a sua concepção, é formada por uma cana cilíndrica munida de uma «embocadura» rudimentar numa das extremidades.

As origens do instrumento remontam à mais alta Antiguidade.

Em meados do SEC. XIX a maioria da população não tinha possibilidade de comprar um instrumento, logo se queria festa, tinha de a fazer. Tinha de construir o instrumento, aperfeiçoa-lo, afiná-lo e por fim tocá-lo.

Em 2008 “As Lavradeiras de S. João de Ver” editaram o seu CD “25 Anos”, registando todo o seu repertório.